Imoral era Nelson ou a vida que ele teve o des/prazer de observar pelo buraco da fechadura? A vida como ela é, com ou sem aspas, foi conhecida e reconhecida por ele e por todos os que leram suas obras. E se, com todo o holofote colocado por ele na "sujeira" humana, ele conseguiu que o ser humano cometesse menos "pecados", que "se salvasse" por meio de uma catarse, não sabemos. Sabemos que a vida, vista por ele de forma nua e crua, com suas ditas mazelas humanas, nos foi assim re/apresentada na aposta, segundo Nelson sugere, de que "A ficção para ser purificadora precisa ser atroz. O personagem é vil para que não o sejamos. Ele realiza a miséria inconfessa de todos nós". Desta forma, ao nos (re)apresentar "a vida como ela é", atenuada pela beleza e a poesia de sua literatura, nos convidaria a uma depuração em um lançar mão da catarse defendida, enquanto admiramos, amamos ou odiamos os personagens vivos e mais humanos do que nunca, no palco, no cinema, nos livros, na nossa imaginação...
